sexta-feira, 27 de maio de 2011

Tucanos sonham com união

O diretório regional do PSDB no DF está em contagem regressiva para a convenção nacional do partido, que ocorre amanhã, em Brasília. Em âmbito nacional, o senador Aécio Neves (MG) e o ex-governador José Serra (SP) disputam o comando da sigla. Para o presidente regional da sigla, Márcio Machado, independente de quem saia vitorioso, os rumos do partido no DF estão definidos. “Eles vão chegar a um entendimento até sábado e o partido sairá unido para 2014”, apostou o líder regional.

A situação política do PSDB no DF está fragilizada, assim como no cenário nacional. Com a eleição de apenas um deputado distrital, o partido, que antes ocupava grande parte dos holofotes locais, hoje está na berlinda. Segundo Machado, o PSDB-DF buscará alianças com outras siglas oposicionistas para criar uma coligação capaz de disputar o Palácio do Buriti nas próximas eleições. “Nas últimas eleições, nós erramos na nossa coligação. Poderíamos ter eleito quatro distritais. Se tivéssemos acertado na coligação, hoje, poderíamos ter uma oposição consistente”, ponderou Machado.

“Também iremos dar todo o suporte para que nosso deputado distrital (Washington Mesquita) possa fazer oposição. Está na hora de cobrar”, disse o presidente. “Quem votou em nós espera que nos tornemos uma oposição responsável e que fiscalize o governo” Para o próximo ano, o PSDB irá focar esforços para eleger o maior número de prefeitos nos municípios da Região Metropolitana. Na logística política, a sigla considera que a população dos municípios goianos tem forte participação nas eleições no DF e, tendo um bom número de prefeitos, é possível captar estes votos.

Pelos bastidores, comenta-se que Serra poderá iniciar um movimento de abandono do partido caso perca a queda de braço com Aécio. O ex-governador poderia buscar porto seguro no PSD de Gilberto Kassab. “Mas não creio nessa possibilidade. Serra é um membro histórico da partido”, rebateu Machado.

Em busca de novos nomes
A renovação do PSDB no DF não passa apenas pela adoção de estratégias para a conquista de postos eletivos. O partido também sofre carência de nomes de peso para a disputa eleitoral. Após a definição do comando nacional, a sigla deve iniciar uma busca de novos nomes para o front eleitoral. “Dentro do nosso planejamento estratégico para 2014, nós também estamos buscando trazer novas figuras. Ainda que se pese que temos pessoas brilhantes, como Maria de Lourdes Abadia, mas estamos analisando o cenário político do DF para encontrarmos novas figuras”, contou Márcio Machado.
Nomes fortes não são importantes somente para a disputa nas urnas, mas também são fundamentais para a manutenção da integração e coesão da sigla. No Ceará, por exemplo, o PSDB está em franca derrocada com a perda de poder do cacique tucano Tasso Jereissati. Segundo o cientista político David Fleischer, o partido errou ao não trabalhar a construção de novos nomes enquanto ocupava um grande espaço na cena política do DF em governos anteriores. Para o especialista, a sigla se acomodou com a participação na gestão da máquina pública.

“Os tucanos se atrelaram demais ao (ex-governador Joaquim) Roriz e ao (ex-governador José Roberto) Arruda.

Esse foi grande erro do partido que acabou tendo sua imagem manchada. Quando foi fundado em 1988, o partido tinha a bandeira da ficha limpa e do parlamentarismo. Hoje, eles nem mais falam disso”, disse.

POUCAS CHANCES
Aos olhos de Fleischer, a situação da legenda é complicada no DF. “Nacionalmente, partidos de oposição estão perdendo filiados. Em outros estados, tucanos e membros do DEM estão indo para partidos como o PSD. De zero a dez, eu vejo que as chances do PSDB voltar a ser o que era são apenas de três”. Para o cientista político, o partido “está um pouco perdido, aguardando para ver aonde vai”.

Com relação à disputa de amanhã, algumas alas do partido apostam em Aécio Neves. Para os filiados, Serra ainda tem um peso político considerável e respeitável representado pelos 44 milhões de votos que obteve nas últimas eleições. Mas, para eles, o partido precisa renovar-se para a disputa pela retomada da gestão máquina pública em todos os níveis.(Jornal de Brasília)

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