sábado, 7 de maio de 2011

Quanto vale a Vale

No último balanço com Roger Agnelli no comando, a Vale exibiu lucro recorde no primeiro trimestre do ano. Seu sucesso deve-se a ter feito tudo o que o PT gostaria que a empresa não fizesse. Se tivesse seguido os pedidos de Lula, provavelmente a mineradora não estaria hoje comemorando os resultados que alcançou, mas estive tendo de explicar porque pagou tantos tributos – que teriam sido impostos como retaliação por ter contrariado as vontades do PT.


Roger Agnelli deixa o comando da Vale no próximo dia 21, mas fatos conhecidos ontem simbolizam os acertos e desacertos dos interesses em jogo que acabaram por afastá-lo da empresa. A maior mineradora do mundo divulgou um lucro recorde no primeiro trimestre, confirmando o sucesso da estratégia que vem perseguindo nos últimos anos. A Vale chegou aonde chegou fazendo tudo o que o governo do PT gostaria que ela não fizesse.

No último balanço com Agnelli no comando da companhia, o lucro líquido da empresa alcançou R$ 11,3 bilhões até março. Foi o maior da história de uma companhia aberta no Brasil para um primeiro trimestre. O ganho cresceu em todas as bases de comparação, chegando a ser 292% maior que o lucro atingido no mesmo período do ano passado. Pelo padrão contábil em dólares, o aumento foi ainda mais expressivo: 325%, para US$ 6,8 bilhões.

Nunca a Vale lucrou tanto num único trimestre. Foi o coroamento da gestão de dez anos com Agnelli à frente da companhia. Preveem analistas que o resultado no segundo trimestre será maior ainda. Isso por causa dos mecanismos empresariais que a Vale adotou. “Antes a Vale subsidiava a siderurgia mundial”, diz um analista ouvido por O Globo.

Agnelli deixa o posto daqui a 15 dias depois de ter se recusado a seguir diretrizes que o PT achava mais adequadas para a empresa. Entre suas decisões, esteve demitir 1,3 mil trabalhadores – durante crise em que mais de 700 mil pessoas foram postas na rua por empresas em todo o país – e exportar menos minério e mais aço, cujo preço hoje é francamente decadente em todo o mundo.
“Adicionar valor ao produto não significa adicionar valor à empresa e ao Brasil. Adicionar valor ao produto pode só representar menos valor ao acionista e menos desenvolvimento à empresa. Qualquer país pode investir em siderurgia; é só captar recursos para montar uma unidade e comprar minério. Mas poucos conseguem exportar matéria-prima. O recurso estratégico é justamente o minério”, analisa Sérgio Lazzarini, professor do Insper, na Folha de S.Paulo de hoje.

O lucro recorde foi divulgado no mesmo dia em que a Vale levou ao mar o primeiro cargueiro de uma frota de 19 embarcações encomendadas junto a estaleiros coreanos e chineses. Anunciada em 2008, a decisão de comprá-los no exterior, o que envolve US$ 2,35 bilhões, foi duramente criticada pelo então presidente Lula. Foi outro dos motivos de atrito entre Agnelli e o petismo.
O navio entregue ontem, o “Vale Brasil”, é o maior para minério do mundo. Saiu por US$ 110 milhões e foi feito na Coreia. A Vale preferiu os coreanos porque quis? Não, por uma questão de sobrevivência.
  
A Vale tentou que o navio fosse feito no Brasil, como gostaria Lula. Para tanto, procurou o Estaleiro Atlântico Sul – uma das vedetes da propaganda nacionalista petista – em Pernambuco e ouviu que o mesmo navio made in Brazil sairia por US$ 236 milhões e só.(ITV)

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