sexta-feira, 13 de maio de 2011

Patético

Delúbio Soares foi aceito pelo PT porque era o arrecadador do mensalão. Sabe tudo e não entregou ninguém. Ommertà. Silenciou diante das investigações. Cobra proteção de quem não delatou.

Sua reabilitação, a desenvoltura palaciana de Dirceu e a imposição de João Paulo Cunha para presidir a Comissão de Justiça da Câmara são parte de plano para intimidar o STF e desmontar o processo deslavado de corrupção eleitoral.

Para o Ministro Gilberto Carvalho “se Delúbio mantiver postura adequada, não tem problema. Se voltar a errar, o partido, da mesma forma que o recebeu de volta, vai ter que puní-lo de novo”. Em miúdos: menino levado que, se brigar de novo na escola, ficará sem televisão.

Também: “o partido entendeu que, pelo comportamento dele, merecia ter alterada essa situação e ser readmitido”. Qual foi a demonstração de “bom comportamento” que “amoleceu” o coração petista? Delúbio prestou serviços comunitários? Lavou urinol em asilos? Fez palestras para jovens, desaconselhando-os a agirem como agiu?

Mais: “o maior erro de Delúbio foi sua atuação na arrecadação. Megalomania na questão de recursos financeiros do partido. Achar que era possível buscar todos os meios para conseguir recursos, sem autorização do conjunto da direção. Foi o problema dele. Nunca enriqueceu. Nunca tirou um tostão para ele”.

Ora, se o tesoureiro “arrecadou” sem o suporte do “conjunto” da direção, certamente o fez lastreado pelo menos em alguém. E se não se locupletou do apurado, óbvio que o entregou à campanha de Lula, a terceiros que usaram o dinheiro espúrio.
Ou esquecemos a confissão de Duda Mendonça, à CPI dos Correios, de haver recebido pagamento caixa 2, no exterior, referente à eleição de 2002?

Ainda: “Pagou por erro político, erro ético e, agora, tendo penado tanto, tem direito de se recompor. Como qualquer um de nós que amanhã cometer um erro pode se reconciliar com a vida e tocar adiante. O diretório do PT tomou posição que julgou justa. Delúbio pagou preço que talvez nunca ninguém tenha pago na política, do ponto de vista de execração pública: a expulsão. Ficou trabalhando quieto, não se filiou a nenhum outro partido. Todos erramos, a gente tem que ter humildade. O que importa é a intenção da pessoa em corrigir a postura política e tocar a vida.”

Poucos sofreram o que ele sofreu? Rebato com Dilma, torturada, ou Covas, cassado por defender as liberdades.

“Trabalhou quieto”? Pois se fizer barulho a República ruirá.
Compaixão? Expulsaram Heloísa Helena, que denunciava corrupção e demitiram Cristóvam Buarque por telefone. Só Delúbio sensibiliza o petismo?
Não aguardaram o veredito da Suprema Corte. Ou os “comissários do povo” já se consideram a última instância jurídica do País?

Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado


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