sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sem ônibus. E Brasília vive o caos

Se ontem fazia apologia ao anarquismo, o governador Agnelo Queiroz não pode hoje dar motivos para que a desordem predomine. Ou ele age ou será tirado do Palácio do Buriti

Brasília está à beira do caos. Os ônibus param, o povo grita e o Palácio do Buriti não se manifesta. Parece que o governador Agnelo Queiroz sente saudades da baderna que ecoava pelas vias do Plano Piloto e das cidades-satélites, em uma época não muito remota, quando ele mesmo, então uma figura de esquerda que repudiava a direita a que se atrelou, incendiava assembléias de motoristas e cobradores, incentivando as paralisações como forma de colocar os governantes de então contra a parede.

A mesma desordem que Agnelo Queiroz pregava em seus discursos incendiários, agora se volta contra ele. Sem pulso firme, sem projeto palpável, afogado em denúncias desde que assumiu o Palácio do Buriti, o governador, sem ação, deixa o povo inseguro.

Não se sabe até onde existe um movimento orquestrado para desestabilizar a sua já pífia administração. Mas como chefe do Executivo, ele precisa colocar ordem na casa.

A tarde-noite da quinta-feira 2, foi de protestos. Pais de família cansados após uma exaustiva jornada de trabalho, não tinham ônibus que os levassem para casa. Fecharam o Eixinho Sul, bloquearam a plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto. A polícia interveio, acalmou os ânimos. Os ônibus voltaram, mas a instabilidade criada apenas foi recolhida momentaneamente.

A cidade viveu e asustou-se nas últimas horas um clima atemporal que pode ser permanente.

Na madrugada deste sexta-feira 3, começou a ciruclar na internet, com data do sábado 4, manifesto assinado pela Associação Comercial de Ceilândia, um velho reduto rorizista, em que se denuncia o desgoverno. Os empresários traçam um triste quadro do setor de transportes e cobram providências imediatas. "O governador precisa urgentemente vir a público apresentar a população um plano de transporte que contemple ações de curto e médio prazo com vistas a propiciar à população um modelo de transporte coletivo de qualidade e que integre as diversas alternativas de transporte de massa", diz o texto.

O governador não pode permitir que a desordem tome conta das ruas. Se ontem ele fazia apologia ao anarquismo, hoje não pode dar motivos para que a teoria do caos predomine.

Si hay gobierno, soy contra -, uma frase que Agnelo Queiroz estampava em suas camisetas, é coisa do passado. Brasília é constituída de um povo pacífico, civilizado, que não suporta uma nova crise política que pode descambar para uma crise institucional.

Portanto, cabe ao governador administrar, mostrar a que veio. Ou entregar o poder que lhe foi confiado por eleitores arrependidos. É preciso agir, antes que a Justiça, ou o povo, o tirem do Palácio do Buriti.

Fonte: Blog José Seabra

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