segunda-feira, 6 de junho de 2011

Aécio Neves defende que PSDB amplie o leque de alianças, sem antecipar o candidato às eleições de 2014


Usando toda a mineirice que deixou de lado durante o embate travado na semana retrasada com o ex-governador José Serra pelo comando do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) hesita em cantar vitória. Diz que está na hora de os tucanos pararem de olhar para o próprio umbigo e de brigar internamente para não perderem o bonde da História. Para começar, defende que o partido amplie seu leque de alianças junto a partidos hoje governistas, como o PSB e setores do PMDB, sem perder de vista, porém, que seu adversário principal é e continuará sendo o PT. Mesmo admitindo que não fará uma oposição como a que os petistas fizeram contra o PSDB, Aécio mostra a língua afiada ao apontar as contradições de seus adversários, como o recente anúncio das privatizações de aeroportos. Identificado hoje como um dos nomes fortes para a disputa presidencial de 2014, Aécio não quer ainda assumir abertamente sua condição de pré-candidato à sucessão da presidente Dilma Rousseff. E resiste também a mudar seu estilo 'bon vivant', que o levou recentemente a ter a carteira de habilitação suspensa, após se recusar a fazer o teste do bafômetro numa blitz no Rio.

O senhor se sente vitorioso na disputa travada com o ex-governador José Serra antes da convenção do PSDB?
AÉCIO NEVES - De forma alguma. O PSDB é que saiu vitorioso. Há uma tendência de se achar que vivo em conflito permanente com Serra. Nós somos parceiros de um grande projeto de Brasil. O que prevaleceu foi a seguinte compreensão: ou nós paramos de olhar para os nossos umbigos e passamos a compreender o Brasil com $mudanças que vêm ocorrendo ou perderemos o bonde da história.

Quando os tucanos devem escolher seu candidato para 2014?
AÉCIO- É um equívoco grande antecipar essa discussão. Para chegar em 2014, como uma alternativa viável, temos de passar por 2011, que é o momento da nossa reorganização interna e do resgate das nossas bandeiras. E em 2012, temos de disputar com força as eleições municipais.

Ou paramos de olhar o umbigo ou perdemos o bonde da HistóriaDizem que a fila no PSDB andou e que agora é sua vez. Concorda?
AÉCIO: Seria um grande equívoco partidário e, no meu caso, pessoal, anteciparmos essa decisão. O PSDB tem quadros que vão ser analisados no momento certo. Incluo, além do Serra, os governadores Geraldo Alckmin, Beto Richa, Marconi Perillo. Ficou claro nesta convenção que o candidato do PSDB será aquele que tiver as melhores condições de interpretar esse sentimento difuso da sociedade, agregar outras forças políticas.
Seus aliados elogiam sua capacidade de aglutinação de forças de fora da oposição, mas alguns se preocupam com o estilo "bon vivant" que o senhor tem. Abriria mão disso para chegar ao poder?
AÉCIO: Isto não está em discussão. Eu sou um homem do meu tempo e optei desde o início de minha trajetória pública em não adotar a hipocrisia daqueles que têm duas vidas: uma que é real e outra para oferecer à opinião pública. Como qualquer ser humano, cometo erros e acertos, e serei julgado por eles. Mas jamais transigi no essencial: na correção e seriedade de minha vida pública.
No ano passado, o partido evitou as prévias e o racha aconteceu mesmo assim. Isso pode se repetir?
AÉCIO: Sempre defendi e continuo defendendo as prévias. Além de democratizarem as indicações do candidatos servem para mobilizar o partido. Se tivermos mais de um postulante, as prévias devem ser assimiladas com naturalidade.
Que alianças o PSDB deve priorizar nas próximas eleições?
AÉCIO: Nossas alianças preferenciais serão com PPS e DEM, mas, sabendo que lá adiante o grande adversário é o PT, será muito natural que o PSDB construa alianças com partidos que hoje estão na base de sustentação do governo do PT, como PSB e com parcelas do PMDB.

O PSDB deve investir mesmo na nova classe média como sugeriu o ex-presidente Fernando Henrique?
AÉCIO: Há hoje uma movimentação de classe que precisa ser compreendida por nós com agilidade e rapidez. Na minha avaliação, o PSDB é hoje o partido da modernidade, enquanto o PT se caracteriza como o partido do atraso, do patrimonialismo e do aparelhamento máquina pública. Talvez nunca antes na história do Brasil se tenha visto um partido com tanta fome de poder como PT. Isso dá espaço para que o PSDB seja intérprete dessa nova classe média, crítica em relação à ineficiência e refratária aos desvios éticos do governo.(O Globo) 

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