domingo, 3 de julho de 2011

Governo Agnelo Queiroz, 6 meses até aqui, fiasco na Educação do DF

É óbvio que a situação encontrada pela atual equipe gestora da Secretaria de Educação era de caos, com desorganização administrativa e financeira. Entretanto, o quadro que era a princípio desfavorável, também era a oportunidade para mostrar a diferença, expor publicamente os problemas das gestões anteriores, abastecer as escolas com os materiais básicos, fazer um processo de mobilização em torno do projeto de gestão democrática, promover uma ampla discussão na Sociedade sobre o novo currículo escolar, apresentar uma estratégia de substituição da contratação temporária de professores por concursados, garantir a retomada do peso da Secretaria de Educação dentro das próprias prioridades do Governo.

Disso tudo, somente o projeto de gestão democrática é que foi publicamente discutido, mesmo assim o resultado foi um projeto que dentro do próprio Governo houve resistências e será revisto. Neste primeiro semestre de Governo vivenciamos situações impensáveis, como o fato de mesmo tendo o recurso em caixa, a SEDF deixar faltar materiais básicos nas escolas como merenda escolar, gás de cozinha, papel higiênico, entre outros. O número de professores contratados temporariamente continua no mesmo nível dos governos anteriores, enquanto isso, mais de 1000 professores aprovados em concurso foram prejudicados por uma convocação errada e até hoje não resolvida.

Até o momento nada se conhece do que deverá ser o novo projeto de educação do DF. Não se sabe exatamente o que o Governo deseja fazer na educação pública da capital federal. O se observa até agora são dezenas de fóruns, plenárias e os mais variados eventos tanto organizado pela Cúpula da Secretaria quanto pelas DREs, entretanto, não foram capazes de apontar definitivamente o que pretende fazer. Até o momento, na Educação, este Governo não teve coragem de apresentar as suas propostas, a justificativa é que precisa OUVIR a comunidade escolar, mas no fundo está mesmo é demonstrando que ganhou a eleição sem ter propostas. E o que mais deixa a todos surpresos é que a Educação é justamente a área onde o próprio PT tem mais projetos e políticas alternativas.

Hoje as Diretorias Regionais de Ensino mais parecem Secretarias de Educação Regional. Cada uma tem o “seu” projeto. Não há coordenação, não há ação administrativa capaz de mostrar a diferença entre o antes e o depois. Em algumas DREs, a depender da “força” política do Diretor, é possível identificar claramente um grau de autonomia que comprova esta realidade. Aliás, em algumas DREs a referência ao comando central da SEDF é sempre feita em tom de descrédito, já que muitas vezes as Regionais pedem ajuda e não obtém o apoio necessário.

Nas escolas ninguém duvidava que era necessário moralizar os “projetos” pedagógicos comprados de algumas empresas. Rever contratos como o da Sangari, da Hitla e de alguns institutos era mais que obrigação, porém não bastava cancelar estes projetos, já que em muitas escolas era a alternativa para oferecer algo diferenciado aos alunos. O Governo tinha a obrigação de moralizar, mas não de interromper os investimentos nos estudos das ciências e outras áreas do conhecimento. Para avançar, o correto era suspender e investigar os contratos, mas continuar repassando os recursos para que as escolas dessem continuidade aos projetos. Hoje, por mais correta que tenha sido a atitude da Secretaria, a percepção entre os pais e alunos é que as condições de ensino regrediram, o que politicamente é um desastre para um Governo que precisa se estabelecer.

Por fim, é claro que não podemos creditar todos estes e outros problemas ao comando da Secretaria de Educação. O próprio Governo como um todo está mal. A falta de rumo, de projeto claro não é só na SEDF. Para ser mais claro, boa parte da responsabilidade tem que ser creditada à Cúpula da GDF, que não observou a lógica política na composição da Secretaria e o resultado é este aí: o grupo que comanda a Secretaria de Educação se ocupa mais em fazer a disputa do que a gerenciar os problemas administrativos da pasta.

Seis meses de nova gestão na Educação do DF e o que ouvimos são mudanças nos discursos, nas boas intenções para projetos futuros, o problema é que estes bons posicionamentos não se refletiram na melhoria da realidade presente. Do ponto de vista da necessidade de se legitimar politicamente na Sociedade, pelo menos na área de Educação, o Governo nestes seis meses foi um fiasco. E pelo que se vê, nos próximos seis não será diferente.

Fonte: Blog do Washington Dourado

Nenhum comentário:

Postar um comentário